Mulheres no mercado de trabalho: panorama completo e cases para inspirar
Saiba aqui como o cenário de mulheres no mercado de trabalho tem crescido ao longo dos anos, as conquistas alcançadas e o que ainda precisa mudar para garantir equidade de gênero. Boa leitura!
A participação de mulheres no mercado de trabalho tem aumentado ao longo das últimas décadas, mas ainda há desafios a serem superados. A subparticipação em cargos mais altos, a sobrecarga de tarefas domésticas, entre outros motivos, afetam diretamente sua participação profissional, pois limita o desenvolvimento de carreira.
Apesar dos avanços e conquistas, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a equidade de gênero no trabalho. Para profissionais do RH, entender essas dinâmicas é importante para criar mais políticas de inclusão no trabalho e fomentar um ambiente mais justo e igualitário.
Ficou interessado pelo tema e quer saber mais sobre o assunto? , Veja aqui um panorama completo do cenário da inserção feminina no mercado de trabalho.
Boa leitura!
Como foi a inserção da mulher no mercado de trabalho?
A inserção de mulheres no mercado de trabalho foi um processo gradual. Essa história começa na Primeira Revolução Industrial (1760), na Inglaterra, que transformou o universo do trabalho.
A partir da transição de um modelo de trabalho artesanal para um modelo industrializado, as fábricas que surgiram demandavam mão de obra em larga escala. Nesse contexto, mulheres passaram a trabalhar fora de casa pela primeira vez em grande número.
Apesar de essa ser uma possibilidade de promover autonomia e independência financeira, as condições de trabalho eram precárias, com jornadas exaustivas e salários muito baixos.
Por isso, essa participação inicial serviu como uma fagulha para o surgimento de movimentos sociais pelos direitos das mulheres que reivindicavam melhores condições de trabalho e igualdade de direitos.
O resultado desse movimento foi a criação de legislações trabalhistas para proteger mulheres e crianças, como leis que limitaram a jornada de trabalho, aumentaram a idade mínima para trabalho infantil e proibiram atividades perigosas.
Entretanto, apesar do ganho, o resultado não foi tão positivo para as mulheres, pois sua força de trabalho passou a custar mais para os empregadores, que optavam por contratar os homens e reduzir a participação feminina nos postos de trabalho.
Além disso, como o salário dos homens era considerado o suficiente para sustentar a família, dali surgiu a ideia de que o marido é o provedor do lar — enquanto a mulher seria a responsável por cuidar das atividades domésticas.
O contexto das duas grandes guerras
A atuação das mulheres no mercado de trabalho voltou a ser expressiva durante as duas Grandes Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945).
Com os homens recrutados para o serviço militar, as mulheres foram encorajadas a assumir funções anteriormente exclusivas a eles, como produção de armamentos, trabalhos em fábricas e enfermagem nos campos de batalha.
Com o fim dos conflitos, houve um significativo desenvolvimento social e econômico, que ajudou a educação pública, indústria e comércio.
Neste contexto também, os empregadores passaram a ver na figura feminina o perfil ideal para ocupar cargos em escritórios e no ensino básico. Porém, os salários eram baixos, não havia perspectivas de crescimento e eram cargos poucos competitivos.
A partir dos anos 1970, com o avanço das tecnologias durante a Terceira Revolução Industrial, a presença feminina estava em constante crescimento, apesar de permanecer em papéis menores na sociedade.
A expansão do acesso ao ensino superior, permitiu que mulheres buscassem qualificação profissional e ocupassem cargos que antes eram dominados por homens.
No entanto, a desigualdade salarial persistiu. Apesar de ocuparem cargos semelhantes aos homens, elas continuavam a receber salários muito inferiores.
Isso motivou o fortalecimento de movimentos feministas que reivindicavam equidade salarial e igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho, avançando na pauta nos anos seguintes.
Quais foram os avanços da mulher no mercado de trabalho?
Nas últimas décadas, a participação feminina no mercado de trabalho continuou a crescer. Alguns dos avanços que mais impactaram a história da mulher na vida profissional foram:
- 1879: possibilidade de cursar faculdade;
- 1932: direito ao voto;
- 1943: direito à licença-maternidade com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
- 1988: estabilidade no emprego antes e depois da gestação;
- 2006: criação da Lei Maria da Penha.
Esses avanços contribuíram para o aumento da presença feminina em setores tradicionalmente masculinos e ocupando posições de liderança. Áreas como a tecnologia, engenharia e finanças, antes dominadas por homens, agora contam com uma participação de mulheres cada vez maior, impulsionada por políticas de diversidade e inclusão.
Dito isso, a implementação de políticas de igualdade de gênero nas empresas, foi muito importante neste processo. Programas de mentoria e desenvolvimento profissional voltados para mulheres, por exemplo, são formas de incentivar sua ascensão em cargos de chefia ou diretoria.
Além disso, as empresas têm adotado políticas como licenças parentais e flexibilidade de horário, a fim de promover um ambiente mais inclusivo e reduzir a carga da jornada dupla, comum às mulheres.
Quais as causas da maior participação feminina no mercado de trabalho?
A consolidação da participação feminina no mercado de trabalho só foi possível com a criação de leis trabalhistas e o fortalecimento dos movimentos feministas. No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), promulgada em 1943, trouxe garantias importantes, como a licença-maternidade e a proteção contra a demissão arbitrária.
No entanto, foi apenas com a Constituição de 1988 que a igualdade de direitos entre homens e mulheres foi estabelecida de forma clara na legislação.
Nos anos seguintes, o movimento feminista foi protagonista no questionamento de estereótipos de gênero e exigiu mudanças nas políticas públicas. Isso contribuiu para a criação de leis como:
- Lei Maria da Penha (11.340/ 2006), que protege as mulheres contra a violência doméstica;
- Lei 14.542 de abril de 2023, que garante a prioridade pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE) no atendimento às mulheres em situação de violência familiar e doméstica;
- Lei da Igualdade Salarial (14.611/2023), que visa equiparar os salários de homens e mulheres em cargos semelhantes.
Além disso, os avanços educacionais, como o direito a frequentar cursos universitários também ajudou a qualificar esta mão de obra para ocupar cargos de liderança.
Outras mudanças socioculturais importantes para a participação feminina no mercado de trabalho foram:
- O fim da necessidade da autorização do marido para que mulheres pudessem trabalhar, em 1962;
- A aprovação do sistema de cotas para garantir a inscrição de, ao menos, 20% das mulheres nas chapas eleitorais dos partidos.
- Embora as mulheres representem maioria na população brasileira e haja maior participação no mercado de trabalho atualmente, ela ainda é baixa. Segundo o Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), apenas 52% das mulheres negras e 54% das brancas ocupam cargos de trabalho, enquanto 75% dos homens estão empregados.
Quais os impactos da participação feminina no mercado de trabalho?
Dentre os efeitos positivos das mulheres no mercado de trabalho, estão o aumento da diversidade, a inovação e o desempenho organizacional. Além disso, empresas com liderança feminina tendem a apresentar melhores resultados financeiros e maior competitividade a longo prazo.
Um pesquisa feita pelo fundo de capital de risco First Round Capital, aponta que as startups fundadas por mulheres tem performance 63% melhor.Aliado a isso, a McKinsey mostrou que empresas que possuem diversidade de gênero nos cargos de alta gestão aumentam sua lucratividade em 21%.
Esses dados nos mostram como a presença feminina em posições de lideranças tem sido produtiva para gerar melhor desempenho para as organizações.
Quais são os principais direitos da mulher no mercado de trabalho?
Os direitos trabalhistas específicos para mulheres visam promover igualdade de gênero e protegê-las contra a discriminação. Entre os principais direitos estão:
- Licença-maternidade de 120 dias de afastamento remunerado, podendo ser estendida para 180 em empresas participantes do Programa Empresa Cidadã;
- Lei da Igualdade Salarial, que garante remuneração igual para homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos;
- Estabilidade no emprego durante a gestação, protegendo contra a demissão arbitrária;
- Prevenção e combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
Para garantir o cumprimento desses direitos, profissionais de RH devem assegurar que os mecanismos de denúncias na empresa funcionem e sejam confidenciais. Além disso, outras medidas podem ser, por exemplo, a implementação de políticas de diversidade e inclusão, e treinamentos de conscientização.
Em quais profissões é mais comum a presença feminina?
Ao analisar dados em setores de trabalho, percebemos que as mulheres ocupam mais as áreas de educação, saúde, serviço sociais e serviços domésticos.
É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílio (Pnad), veja:
- Setor “Educação, saúde humana e serviços sociais”: 9.683.770 mulheres e 3.340.163 homens;
- Setor “Serviços Domésticos”: 5.538.947 mulheres e 540.797 homens.
Um destaque está nos cargos de “Ciências e Intelectuais”. Nele, os homens dominam cargos de “Direção e Gerência” e “Membros das Forças Armadas”. Já as mulheres são maioria quando o tema é “Pessoas ocupadas em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, com 7.608.642 profissionais, contra 5.365.989 homens neste cargo.
Outra problemática que se torna uma barreira para a ascensão de mulheres, são as atividades de cuidados de pessoas e afazeres domésticos que tomam mais que o dobro do tempo das mulheres em relação aos homens.
O avanço na carreira está totalmente atrelado à disponibilidade em se dedicar a atividade que atua, no entanto, o papel de cuidar da família atribuído à mulher faz o planejamento profissional ficar em segundo plano.
O que a mulher enfrenta no mercado de trabalho?
Embora as mulheres tenham conquistado espaço no mercado de trabalho, a desigualdade salarial é um dos principais obstáculos para a equidade. Mesmo ocupando cargos equivalentes aos dos homens, as mulheres recebem, em média, 20% menos.
Contudo, essa prática já é proibida por lei. Segundo o artigo 461 da CLT:
“Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.”
Outro desafio é a dificuldade de acesso a cargos de liderança. Segundo o IBGE, somente 39,1% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres no Brasil, enquanto que os homens representam 60,9% deles.
Isso reflete a persistência de preconceitos de gênero que associam liderança a características femininas, limitando as oportunidades de crescimento profissional.
Aliado a isso, as oportunidades são desiguais para o público feminino, mesmo com maior escolaridade e capacitação. Cerca de 21,3% das mulheres possuem o ensino superior contra 16,8% dos homens.
Além disso, as mulheres enfrentam jornadas duplas, dedicando, em média, 21,3 horas semanais a tarefas domésticas, enquanto os homens dedicam 10,9 horas.
O assédio moral e sexual também é uma barreira que afeta as mulheres no ambiente de trabalho. No Brasil, 49% das mulheres estão preocupadas com sua segurança no trabalho ou durante as viagens de trabalho. Quase ¼ lidou com clientes que as assediaram ou se comportaram de alguma maneira que as deixaram desconfortáveis.
Para enfrentar esses desafios, é necessário que as empresas tenham políticas de equidade de gênero e que divulguem canais de denúncia confiáveis para criar um ambiente de trabalho mais confortável e acolhedor para mulheres.
Como a desigualdade de gênero afeta o mercado de trabalho?
A desigualdade de gênero no mercado de trabalho afeta diretamente a produtividade, o clima organizacional e a retenção de talentos nas empresas. A falta de equidade gera ambientes desmotivadores, onde as mulheres enfrentam desigualdades salariais, falta de oportunidades de crescimento e assédios.
Além disso, a sub-representação feminina em cargos de liderança limita a inovação e as tomadas de decisões estratégicas, já que as organizações perdem perspectivas diversificadas.
Não ter políticas de inclusão, portanto, irá contribuir para um clima organizacional negativo, o que consequentemente aumentará o turnover e dificulta a retenção de talentos. Para se ter ideia, o tempo de permanência médio das pessoas nessas organizações premiadas é de, no mínimo, 2 anos.
Dados do Great Place to Work mostram que, entre as empresas premiadas, aquelas com políticas de diversidade têm 35% de sua alta liderança ocupada por mulheres..
Cases de empresas que promovem a equidade de gênero
Agora, para entender quais as melhores ações para incluir mais mulheres no mercado de trabalho, nada melhor do que ver na prática o que outras instituições de referência estão fazendo.
A Mastercard é uma empresa que trabalha pela igualdade de gênero dentro e fora da empresa, veja como:
- Desde 2019, ela é membro efetiva do Mulher 360º, movimento empresarial em prol do empoderamento econômico da mulher brasileira;
- Possui parceria com a Aliança Empreendedora para a realização de cursos de capacitação para mulheres empreendedoras, desde 2018;
- Para beneficiar a sociedade, a Mastercard concede cinco dias por ano para funcionários fazerem trabalhos sociais, com mentorias ou outra forma de contribuição para o crescimento profissional de mulheres;
- Outra iniciativa é o Girls4Tech, que inclui meninas de 9 a 13 anos nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática;
- Internamente, a empresa possui metas de paridade salarial e programas de impulsionamento de mulheres por meio de treinamentos, networking e mentoria, além de oferecer licença maternidade de seis meses e paternidade de 112 dias aos funcionários.
A PepsiCo também mantém em suas estratégias a paridade salarial, mas além disso, a marca é pioneira em demonstrar como uma liderança inclusiva transforma a organização, reestruturando o comitê executivo da América Latina para atingir 65% de participação feminina.
Empresas como Microsoft, Boticário e Coca-Cola entenderam que não basta contratar, é preciso dar instrumentos para que estas mulheres se desenvolvam profissionalmente. Pensando nisso, estas empresas adotaram programas de mentoria com executivas para que jovens profissionais se desenvolvam e ampliem seu networking.
Além de mentoria, programas de capacitação também são um diferencial em um mercado majoritariamente masculino.
O futuro da mulher no mercado de trabalho
Aqui, você viu um panorama completo do cenário de mulheres no mercado de trabalho, principais desafios enfrentados e os avanços que trouxeram maior igualdade de gênero em algumas organizações.Para construir um ambiente de trabalho ainda mais equitativo, cabe às empresas e aos profissionais de RH mudar a cultura organizacional, promover igualdade de oportunidades e realizar treinamentos para todos os colaboradores.
Além disso, os profissionais de RH podem atuar na linha de frente para garantir o cumprimento da legislação trabalhista.
A tendência aponta para um futuro de grande impacto da tecnologia na inclusão feminina, no crescimento da representatividade em cargos de liderança e no fortalecimento de políticas voltadas para a diversidade e inclusão.
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Não tenha mais dúvidas
Restou alguma dúvida? Confira abaixo as respostas para as principais dúvidas sobre o tema.
O papel da mulher no mercado de trabalho é diversificado e abrange desde funções operacionais até cargos de liderança e inovação, contribuindo para o crescimento econômico e a diversidade organizacional.
A presença feminina promove diversidade de ideias, equidade de gênero e maior competitividade nas empresas, gerando ambientes mais inclusivos e produtivos.
Não há um consenso sobre a primeira mulher a entrar no mercado de trabalho formal, pois elas sempre trabalharam em atividades domésticas e comunitárias. Contudo, na Revolução Industrial (1760), passaram a ocupar empregos formais nas fábricas, marcando sua entrada no mercado de trabalho remunerado.
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