Escalas de trabalho: entenda os modelos, impactos e regras da CLT
Escalas de trabalho são as diferentes maneiras de distribuir as horas da jornada dos colaboradores, de acordo com o previsto na CLT.
As escalas de trabalho são formas organizadas de distribuir as horas da jornada entre os colaboradores de uma empresa. Por isso, é importante compreender os diferentes modelos de trabalho para uma boa gestão de pessoas e para garantir o cumprimento das leis trabalhistas.
Em 2024, discussões sobre mudanças na escala 6×1 trouxeram o tema para o centro do debate, implicando em possíveis mudanças em diversos setores no Brasil.
Neste texto, vamos explicar os principais modelos de escalas de trabalho, como a escolha pode impactar os colaboradores e dar dicas práticas de como o RH pode criar a que melhor se adapte ao seu setor. Acompanhe!
Quais são os tipos de escalas de trabalho?
As escalas de trabalho são formas organizadas de distribuir as horas da jornada entre os colaboradores de uma empresa. Por isso, é importante compreender os diferentes modelos de trabalho para uma boa gestão de pessoas e para garantir o cumprimento das leis trabalhistas.
Em 2024, discussões sobre mudanças na escala 6×1 trouxeram o tema para o centro do debate, implicando em possíveis mudanças em diversos setores no Brasil.
Neste texto, vamos explicar os principais modelos de escalas de trabalho, como a escolha pode impactar os colaboradores e dar dicas práticas de como o RH pode criar a que melhor se adapte ao seu setor. Acompanhe!
Quais são os tipos de escalas de trabalho?
As escalas de trabalho determinam horários de entrada, saída e intervalos de descanso dos colaboradores, cada uma adaptada às necessidades das empresas.
Elas variam conforme a natureza do trabalho e o setor de atuação, sendo classificadas em dois grandes grupos:
- Fixas: jornadas de trabalho que cumprem sempre o mesmo horário pré-estabelecido;
- Rotativas: os turnos de trabalho são alternados em um ciclo definido.
Entre as escalas mais comuns no Brasil, estão:
- Escala 4×2: em que quatro dias são trabalhados e dois são de descanso;
- Escala 5×2: aqui, são cinco dias de trabalho e dois de descanso;
- Escala 5×1: nesse modelo são cinco dias trabalhados e dois de descanso;
- Escala 6×1: o mais conhecido, são seis dias trabalhados e um de descanso, geralmente no domingo.
Além disso, existem escalas especiais, pensadas para atender demandas específicas, como:
- Escala 12×36, com 12 horas trabalhadas e 36 horas de descanso;
- Escala 18×36, com 18 horas trabalhadas e 36 horas de descanso; ou
- Escala 24×48, em que trabalha-se por 24 horas ininterruptas e o descanso é de 48 horas, também conhecida como um dia de trabalho e dois de descanso.
Cada modelo atende a diferentes contextos e deve ser implementado respeitando a legislação e as particularidades do segmento da empresa.
Como funciona a escala 12×36?
A escala 12×36 corresponde à jornada de trabalho 12 horas consecutivas de exercício da atividade, seguidas de 36 horas de descanso. Diferentemente de outras escalas baseadas em dias da semana, esse modelo se baseia em horas para determinar o ciclo completo. Segundo a Súmula 444 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), esse tipo de jornada só pode acontecer mediante acordo coletivo, ou seja, diante de um termo assinado entre colaboradores, sindicatos e a empresa.
Essa norma também assegura a remuneração em dobro em expedientes no feriado.
Ou seja, esse modelo de trabalho tende a promover maior período de descanso, entretanto, pode gerar desgaste físico e mental devido ao extenso turno de trabalho.
Em quais setores é mais comum a escala 12×36?
O modelo 12×36 é comum em setores em que a continuidade das operações é indispensável.
Na área da saúde, por exemplo, enfermeiros e técnicos de enfermagem trabalham nestas escalas para manter a assistência integral aos pacientes, já que um hospital funciona 24 horas.
Outro setor é o de segurança, nos quais vigilantes e agentes de portaria utilizam essa escala para proteger produtos e pessoas em todos os momentos do dia.
Na logística, a escala 12×36 é aplicada sobretudo em operações que dependem de monitoramento sem interrupção, como centrais de distribuição e controle de frota.
Como é o plantão de 12 por 36?
O plantão 12×36 é adotado em setores que demandam presença contínua dos funcionários, como hospitais, segurança e serviços de emergência.
No entanto, essa configuração de escala deve ser ajustada levando sempre em consideração a legislação trabalhista. Portanto, é obrigatório o pagamento de adicional noturno e horas extras, quando aplicáveis.
Uma forma de executar bem esta escala é implementar rodízios para minimizar a sobrecarga em horários de alta demanda ou estabelecer regras claras sobre pausas durante o plantão.
O acompanhamento de sindicatos e a formalização das condições em acordo coletivo auxiliam o RH a manter a conformidade com a legislação.
Qual é a diferença entre 5×1 e 6×1?
Enquanto na escala 5×1, comum no telemarketing, o colaborador deve trabalhar cinco dias para ter um dia de descanso, na escala 6×1, frequente em comércios, é necessário trabalhar seis dias para ter um dia de descanso.
Além disso, a jornada de trabalho diária de quem atua no modelo 5×1 é de 7 horas e 20 minutos, já na 6×1, pode chegar a 8 horas por dia.
Quanto às folgas, na escala 5×1, costumam ser concedidas em dias diferentes a cada semana, mas pelo menos um dos dias de folga no mês deve ser em um domingo. Na escala 6×1, é possível haver variações, podendo ser concedida aos domingos ou nos demais dias da semana.
O que diz a CLT sobre escala 6×1?
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não possui um artigo específico sobre a escala 6×1, no entanto, ela estabelece algumas diretrizes para esta jornada de trabalho.
Nela, o trabalhador pode atuar até 8 horas por dia e 44 horas semanais, além de permitir a divisão da carga horária semanal em até seis dias.
Além disso, a CLT torna obrigatório o descanso semanal remunerado (DSR), além dos intervalos obrigatórios durante o expediente, sendo:
- Em jornadas de 4 a 6 horas: 15 minutos de descanso;
- Para jornadas acima de 6 horas: de 1 a 2 horas.
Em 2024, iniciou-se a movimentação para pôr fim ao regime 6×1, substituindo pela jornada 4×3 e reduzindo a carga horária semanal para 36 horas, como veremos adiante.
Quais são os impactos das escalas de trabalho para o RH?
As escalas de trabalho geram impactos para o RH na eficiência operacional, produtividade, compliance, engajamento, clima organizacional, demandas e e uma série de outras situações.
Veja abaixo os principais impactos e como eles afetam o dia a dia do setor.
Eficiência operacional e produtividade
As escalas de trabalho são determinantes para a alocação de recursos humanos e a produtividade em geral da empresa. Por isso, ela impacta diretamente esse ponto, sendo necessário o ajuste das escalas de acordo com os horários de maior demanda do público da empresa e para evitar ociosidade.
No varejo, por exemplo, as jornadas podem ser organizadas para reforçar a equipe durante períodos sazonais, como o Natal e demais datas comemorativas, ou em horários de pico. O resultado esperado é o aumento das vendas e a melhoria do atendimento ao cliente nestes períodos de maior demanda.
Cada setor exigirá um modelo diferente, portanto, faça a análise detalhada dos padrões de trabalho em cada setor, como períodos de maior volume de trabalho.
Compliance trabalhista e custos legais
O RH deve estar atento à legislação trabalhista, como CLT e acordos coletivos. Negligenciar essa área pode resultar em processos trabalhistas, multas ou até passivos significativos, colocando em risco a saúde financeira e a reputação da empresa.
Para evitar esses riscos, o setor pode adotar ferramentas de gestão, como BambooHR, para automatizar o controle de escalas, contabilizar horas trabalhadas e monitorar o cumprimento das normas.
Além disso, considere consultar advogados trabalhistas e esteja sempre por dentro da negociação de acordos coletivos da categoria profissional.
Engajamento e retenção de talentos
Além do aumento da produtividade, a escala de trabalho flexível pode aumentar a retenção de talentos na empresa. A possibilidade de conciliar a vida profissional com compromissos pessoais tendem a ser valorizadas pelos colaboradores e gera maior satisfação e qualidade de vida.
Por isso, priorize um bom planejamento, pois uma esquematização inadequada pode gerar insatisfação, estresse e alto índice de rotatividade.
Nesse caso, é importante adotar uma abordagem inclusiva no planejamento das escalas, ouvir os colaboradores e priorizar suas necessidades.
Complexidade na gestão de banco de horas
Para um bom gerenciamento de banco de horas em empresas com escalas rotativas, o desafio está em lidar com a grande variação nos horários e a alternância de turnos. Eles exigem um controle rigoroso para evitar erros que prejudiquem a operação e a confiança dos colaboradores.
Nesses casos, o uso de softwares de controle de ponto eletrônico, como a Factorial ou a Alterdata, ajudam a manter o processo mais transparente.
Esses sistemas registram as jornadas automaticamente e, dessa forma, facilitam o cálculo de saldos de horas para que a compensação seja feita dentro dos prazos determinados.
Impactos no clima organizacional
Escalas injustas ou mal distribuídas podem gerar atritos entre os colaboradores e afetar negativamente o clima organizacional.
Aqueles que percebem falta de transparência ou favoritismos na distribuição de horários podem se sentir desvalorizados e isso não é positivo para a produtividade da empresa.
Um planejamento justo e colaborativo promoverá um ambiente de trabalho mais saudável. É interessante usar critérios para a distribuição de turnos e fazer a comunicação das decisões de forma aberta.
Necessidade de tecnologias de gestão
Erros no gerenciamento de escalas de trabalho podem ser fatais para a empresa. Portanto, escolha softwares de gestão de escalas para automatizar processos.
As vantagens destas ferramentas são:
- Eliminar erros manuais ao calcular horários;
- Monitorar banco de horas;
- Assegurar a conformidade com a legislação trabalhista;
- Economia de tempo para o RH para que foquem em atividades estratégicas;
- Proporcionar transparência ao compartilhar informações em tempo real com colaboradores, reduzindo as dúvidas e mal-entendidos sobre mudanças de turnos e horários.
Adaptação às demandas do mercado e tendências
As escalas de trabalho têm evoluído para acompanhar as mudanças nas demandas do mercado e as expectativas dos colaboradores. A popularização de modelos híbridos, remotos e flexíveis trouxe novos desafios para o RH, que precisa ajustar suas práticas para atender a diferentes formatos de trabalho.
Em empresas que adotam o trabalho remoto, por exemplo, é comum oferecer maior autonomia para que os profissionais possam organizar suas jornadas de acordo com as entregas e prioridades.
O RH, nesse contexto, deve se manter atualizado sobre tendências de mercado e explorar novas formas de gerir escalas para assegurar a competitividade e atração de talentos.
Como a escolha da escala de trabalho pode impactar os colaboradores?
A definição de escalas de trabalho afetará o bem-estar, a saúde e a produtividade dos colaboradores. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional que escalas flexíveis permitem, geram maior engajamento.
Por outro lado, modelos que exigem longas jornadas consecutivas podem levar ao desgaste físico e mental, caso os períodos de descanso não sejam seguidos adequadamente.
De acordo com a pesquisa do plano de saúde Alice, empresas que se preocupam com o bem-estar físico e mental de seus colaboradores possuem índices maiores de engajamento interno.
Portanto, além de reduzir a rotatividade, contribuirá para a qualidade de vida dos colaboradores e para um ambiente de trabalho mais harmonioso.
Como criar escalas de trabalho?
Criar e gerenciar escalas de trabalho é um grande desafio para o setor de RH, não é mesmo? Para isso, sua equipe precisa entender as demandas da empresa, levar em conta a CLT, as necessidades dos colaboradores e escolher o modelo ideal.
Para ajudar a sua equipe de RH nessa etapa, separamos alguns dos principais passos.
Entenda as demandas da empresa e do setor
Antes de iniciar o planejamento, analise detalhadamente as necessidades operacionais da empresa. Identifique horários de pico, sazonalidades e o tipo de tarefa em cada setor para alocar recursos humanos.
Em datas comemorativas, lojas de shopping, por exemplo, recebem um fluxo maior de clientes. Com a análise de dados históricos e previsões de fluxo de trabalho, o RH conseguirá mapear essas demandas e garantir que a força de trabalho esteja de acordo com a demanda.
Considere realizar benchmarking para aprimorar o planejamento de escalas. Observar como empresas do mesmo setor lidam com desafios similares pode desbloquear soluções que ainda não foram previstas.
Considere as leis trabalhistas e convenções coletivas
A CLT e os acordos sindicais estabelecem limites, como a carga horária máxima, os intervalos obrigatórios e as folgas remuneradas. Ignorar essas normas pode resultar em processos trabalhistas e multas.
Para garantir compliance, realizar consultorias jurídicas pode ser uma solução prática.
Equilibre as necessidades da empresa e dos colaboradores
Ouça os que os colaboradores têm a dizer e leve em consideração suas preferências de horários ou necessidades de flexibilidade.
Considere aplicar o People Analytics, processo que envolve a coleta, análise e interpretação de dados relativos aos funcionários da empresa. Com essa metodologia, o RH tomará decisões baseado em dados, não em suposições.
Além disso, integrar questões de saúde mental no planejamento das escalas é cada vez mais importante. Modelos que oferecem maior flexibilidade podem melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.
Escolha o modelo de escala mais adequado
A escolha do modelo de escala ideal depende do tipo de operação e das necessidades de cada setor.
Escalas como a 5×1 e 6×1 são comuns naqueles cuja demanda de trabalho é constante, o que oferece um dia de descanso rotativo. Já a escala 12×36 é utilizada frequentemente em áreas que há a necessidade de cobertura contínua e turnos longos, mas oferecem maior período de descanso.
Para garantir que a escala escolhida seja a mais adequada, sua equipe pode testar diferentes modelos antes de sua implementação definitiva. Isso pode ser feito por meio de simulações e análises de impacto.
Utilize tecnologia para planejar e gerenciar escalas
Considere utilizar a tecnologia na gestão de escalas. Ao automatizar o processo de criação das escalas, além de evitar erros humanos, sua equipe ainda economiza tempo podendo focar em tarefas mais estratégicas.
Algumas funcionalidades de ferramentas de RH digital são:
- Alertas automáticos para horas extras;
- Integração com a folha de pagamento;
- Controle de banco de horas.
Assim, os direitos trabalhistas serão cumpridos e as horas extras serão corretamente registradas e pagas.
As ferramentas Tangerino, PontoTel e Oitchau são referências no mercado e permitem a personalização de escalas, ajudam a comunicar alterações de forma rápida, além de oferecer relatórios completos sobre a jornada de trabalho, absenteísmo e demais métricas importantes para o RH.
Monitore e ajuste as escalas regularmente
Estar sempre acompanhando os processos é importante para garantir que a melhor escolha seja feita.
Na metodologia de análise de dados, adote indicadores-chave de desempenho (KPI) como absenteísmo, produtividade e satisfação da equipe para tirar conclusões sobre as práticas adotadas pelo RH.
A partir disso, conclua se foram bem recebidas ou se precisam de ajustes, se geraram sobrecarga ou contribuíram para aumento de satisfação do colaborador.
A análise de dados e feedbacks contínuos ajudarão a ajustar as escalas de trabalho.
Proposta de mudança na escala 6×1: o que está em discussão?
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa pôr fim à escala 6×1, pretende reduzir a jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais. A iniciativa, liderada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), busca estabelecer um modelo de jornada de trabalho 4×3.
A justificativa da PEC é garantir uma jornada mais equilibrada para os trabalhadores, sem redução salarial, o que proporciona mais tempo livre e melhor qualidade de vida.
Na prática, a proposta altera o artigo 7º da Constituição, que estipula uma jornada de trabalho de até 44 horas semanais, com possibilidade de acordos que permitam a escala 6×1.
A transição para uma jornada de 36 horas semanais levaria as empresas a adotarem a escala 4×3 e, consequentemente, a alterarem a distribuição de folga.
Conclusão
Como você viu, uma boa gestão das escalas de trabalho é importante para manter a satisfação da equipe e conquistar um ambiente de trabalho produtivo e harmonioso.
Os gestores devem estar atentos às melhores práticas e as tendências do mercado. Além disso, lembre-se de que o não cumprimento da legislação trabalhista poderá resultar em multas e processos judiciais para a empresa, por isso, é uma prioridade garantir a conformidade com a lei.
E para estar por dentro de todas as principais tecnologias para melhorar o engajamento dos colaboradores, baixe gratuitamente nosso e-book: Cultura de engajamento: 6 tecnologias e ferramentas para o RH.
Perguntas frequentes
Confira as respostas para as principais dúvidas sobre escalas de trabalho.
A escala 6×1 é a mais comum, especialmente em setores industriais e de comércio. Ela permite uma jornada de 44 horas semanais, distribuídas ao longo de seis dias, com um dia de folga.
Sim, desde que acordada em convenções coletivas ou acordos individuais formais. Esse modelo é muito utilizado em setores que exigem presença contínua, como saúde e segurança.
O colaborador pode procurar o RH ou a Justiça do Trabalho para orientação. Caso a escala esteja em desacordo com a legislação, o colaborador tem o direito de buscar correções e até reparações financeiras.
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